Justiça do Amapá mantém prisão de fazendeiro acusado da morte de idoso por disputa de terras
15/08/2025
(Foto: Reprodução) Dezenas de pessoas acompanham o enterro do agricultor no município de Amapá
O Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap) negou, nesta quinta-feira (14), dois pedidos de habeas corpus que pediam a soltura do fazendeiro Francisco Canindé da Silva. Ele é acusado de envolvimento na morte de Antônio Candeia, conhecido como Maranhão, de 80 anos, em uma disputa por terras na zona rural do município de Amapá.
O crime aconteceu no dia 23 de novembro de 2024. Antônio Carlos Lima de Araújo, militar da reserva e autor dos disparos contra Antônio Candeia, também está preso e aguarda julgamento.
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Em um vídeo gravado por uma testemunha na ápoca, é possível ver o momento em que o militar da reserva discute com Candeia. Após discussão e xingamentos mútuos, Antônio Carlos empurra a vítima e dispara diversas vezes contra ela.
Defesa alegou problemas de saúde
A defesa de Canindé afirmou que ele está preso preventivamente há quase nove meses, é idoso, hipertenso e precisa de cuidados médicos. Os advogados disseram que ele não representa risco às investigações e foi detido apenas por estar junto de Antônio Carlos Lima de Araújo, apontado como autor dos disparos.
Segundo os advogados, Canindé não ordenou o crime e, por isso, não há ameaça a testemunhas nem risco de destruição de provas. Eles também alegaram que o fazendeiro está debilitado, não se alimenta bem, passou por uma cirurgia e precisa de outro procedimento na próstata.
Tribunal manteve prisão preventiva
Antônio Carlos Lima de Araújo, militar da reserva, foi gravado em vídeo disparando contra Antônio Candeia
Reprodução
Os desembargadores do Tjap decidiram manter a prisão preventiva. Eles entenderam que os motivos que justificaram a detenção continuam válidos e que não houve demora no processo.
A denúncia foi aceita, as audiências de instrução foram realizadas e já houve decisão de pronúncia. A defesa recorreu, e o recurso será analisado pelo tribunal.
O relator dos habeas corpus, desembargador Agostino Silvério, também negou o pedido de prisão domiciliar. Segundo ele, esse tipo de medida é excepcional e exige comprovação por laudos médicos. Para o magistrado, o tratamento de saúde pode ser realizado dentro do sistema prisional.
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Crime foi registrado em vídeo
Idoso é morto a tiros durante discussão por terras
O assassinato foi gravado por um dos cinco ocupantes do carro que levava os suspeitos. No vídeo, Francisco Canindé e Antônio “Maranhão” discutem sobre a posse de um terreno. Em seguida, Antônio Carlos sai do veículo e entra na discussão, mantendo uma das mãos atrás do corpo para esconder uma arma.
Após troca de insultos, Antônio Carlos empurra Maranhão e atira várias vezes. A vítima tenta pegar uma arma dentro de uma sacola, mas é derrubada e baleada novamente.
Segundo o inquérito, a gravação foi feita para simular uma reação a provocação. No entanto, a polícia concluiu que o vídeo reforça a suspeita de que o crime foi planejado.
Ministério Público aponta premeditação
De acordo com o Ministério Público do Amapá, o assassinato foi premeditado. A denúncia afirma que os acusados provocaram Maranhão até que ele reagisse, criando uma justificativa para o crime e permitindo que os envolvidos alegassem legítima defesa.
O que diz a defesa
A defesa de Antônio Carlos afirma que ele agiu em legítima defesa.
“Nós entendemos que pelos vídeos que passaram na imprensa, o que tivemos também acesso, verificamos que é clara a defesa legítima. E vamos verificar através dos outros elementos de prova, no sentido de absorver ou de, no mínimo, minorar as consequências desse fato", disse o advogado Evandson Mafra.
Caso aconteceu no município de Amapá
Reprodução/Redes Sociais
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